Pessoa encontrou o Campos e o Caeiro convidou-os para um copo que não disse Caeiro que sim disse Campos Pessoa deixou-os na indecisão e bebeu a vida com o Reis e mais pessoas
maria vai tirar o filho das entranhas fê-lo no dia solar rejeita-o porque não quer o corpo marcado tira passagem para Londres voltará amanhã de entranhas limpas e alma ausente maria vai a Londres bastas vezes
alcançou o amor pensou depois de muitos amores percorridos viveu a noite e a praia solitária questionava o destino dos deuses pessoa morria em novembro e no cabo ausente de gabriela no verão de 57 ultrajou-se a poesia em forma de sol para quando a dor de maria do horizonte aquém do mar deste e doutros mundos a musicalidade do poema impelia os poemas para a dificuldade de dizer
gabriela amou o cabo faz muito tempo permanecia sentada dias vendo as ondas lindas e eternas hoje passados muitos amores recorda aquele verão de cinquenta e sete cabelos e ondas rumorejantes do kilimanjaro chegaria a notícia da morte do amor não é importante
se na viagem o amante encontrar a reserva da água do amor o sentido das coisas alterar-se-á para sempre no cabo e na vida a noite é o eterno devir devemos o sol e a areia a Sophia talvez mais
se a noite for possível e errante devoramos os corpos gabriela seguia a estrada vivenciada cheia de labirintos teria nesses anos a juventude perdida e que tal descobrir o sul do corpo vivia para o corpo para a noite gotejante sensível e rigorosa a escrita pensava caía num impasse como a vida noite vida escrita noite os labirintos de pessoa enfrentavam Pessoa qual combate imortal eterno
verás o kilimanjaro na noite
o caos do mundo renasce no corpo
se eu escrevesse poesia
amaria o poema
eugénio e sophia amar-se-iam
na tabacaria do
porque o único sentido oculto das coisas é o amor
se o amor fenecer na madrugada lorca amará o sangue
há muitos sóis eugénio amou sophia nas laranjas da foz
nessas manhãs os pássaros devoravam as ondas evanescentes
e eu iria com os meus avós na madrugada ausente